Rafaela Pio

Neste blog estão textos de minha autoria e outros que me chamaram a atenção.

29.8.06

Tinha que ser o jeitinho...

(Rafaela Pio)


No Brasil, em meio a tantas denúncias, escândalos, acusações e outras barbaridades, o brasileiro tende, incessantemente, a recorrer a uma arma que lhe é muito peculiar.
“Não vi”, “não falei”, “não ouvi”, despontam como as frases que constantemente enfeitam o vocabulário desse povo que, obrigado a sobreviver neste grande lamaçal de corrupção e improbidade administrativa, enraizado há muito tempo aqui, tenta encontrar uma saída para esta situação deplorável.
A desonestidade, revelada principalmente no cenário político brasileiro, mostra-se tão intrínseca à realidade deste país que, infelizmente, faz surgir nas pessoas um sentimento de comodismo, uma certa adaptação a tudo isso.
A todo instante, os veículos de comunicação, que deveriam auxiliar as pessoas na busca de uma “verdade” dos fatos, bombardeia-as, inescrupulosamente, com um amontoado de notícias, desconectadas, fragmentadas, esquecendo-se de se preocupar com um caráter imprescindível da questão: o contexto dos acontecimentos.
Há um ditado que diz: “Tudo em excesso faz mal”. Com a informação não é diferente.
A partir do momento em que a imprensa descontextualiza as informações que apresenta, mostrando inúmeros fatos relacionados a determinado assunto, sem estabelecer um nexo com a realidade em discussão, apenas serve para confundir a cabeça de seus receptores.
Sobra informação, falta interpretação. Isso sem falar na omissão de aspectos fundamentais. Assim, quando os veículos não exageram, omitem. No final, quem perde com tamanha desatenção ou proposital falta de respeito são aqueles que dependem das fontes de informação, ou seja, todas as pessoas. No presente século, viver desinformado é como vegetar,simplesmente.
E, assim, no meio de tantas informações, esquece-se do principal. As eleições estão às portas. O cidadão brasileiro passa a procurar o culpado por tanta bagunça na "pátria amada, idolatrada" , para não cometer o mesmo erro (ou maior) de votar na pessoa errada; de desperdiçar o seu valioso instrumento de defesa da democracia: o voto.
Finalmente, é achado o bode expiatório. Quem? Como de praxe, o famoso jeitinho brasileiro. Tem jeito?